Imaginemos por um instante que vivíamos numa economia sem dinheiro. O que teríamos de fazer sempre que quiséssemos apanhar o autocarro ou comprar o jornal?
Por não haver um meio de pagamento aceite pela generalidade das pessoas, todos os pagamentos teriam de ser feitos trocando umas mercadorias por outras. Este tipo de permuta é designado por troca directa.
Para apanhar o autocarro teríamos de saber quais as mercadorias que a empresa de transportes quer em troca, e para comprar o jornal teríamos de saber quais são os gostos do dono da papelaria. As duas partes que participam nestas trocas transformam-se em compradores e vendedores ao mesmo tempo, e para que as trocas sejam realizadas é preciso ter exactamente o que a outra parte quer ou precisa e vice-versa. A necessidade de haver esta dupla coincidência de desejos dificulta bastante as trocas e multiplica os respectivos custos.
Coloquemo-nos no lugar de um rapaz, o José, e imaginemos que vive numa pequena aldeia isolada onde vivem outros três cidadãos, e todos eles, por serem comerciantes, trocam mercadorias entre si. Primeiro há que ir a cada uma das três lojas para saber o que vendem a Maria, o Manuel e o Carlos, para além de descobrir o que estão dispostos a aceitar em troca dos seus produtos.
O tempo e o esforço necessários para averiguar, recordar e processar o que querem as outras pessoas, são os custos de informação decorrentes das economias sem dinheiro. E se isto acontece numa suposta localidade pequena com 4 pessoas, então imaginemos como seria ter de conhecer os hábitos de toda a população de uma cidade ou vila com mil ou cem mil habitantes. Os custos de informação iriam disparar. No entanto, estes custos praticamente desaparecem nas economias onde existem meios de pagamento geralmente aceites por todos.
Dado que cada um apenas produz um tipo de mercadoria e não aceita qualquer uma em troca, para obter uma determinada mercadoria, seriam necessárias várias trocas. Ou seja, as trocas directas entre duas pessoas, que na prática, não se dariam, a não ser de forma indirecta: eu dou isto a ti, se tu deres isto a mim para dar a ele.
Estes custos fazem com que os cidadãos tentem fazer o menor possível número de trocas e tenham tendência a ser auto-suficientes. Desta forma torna-se inviável a especialização, o que faz com que cada cidadão se transforme numa microempresa que produz um pouco de tudo, mas com uma eficiência mínima.
É assim que nasce o dinheiro como meio de pagamento único. Podemos observar como este continua a ser uma tendência universal, onde o seu uso está normalizado e é aceite por quase todos.
E você? Seria capaz de viver numa sociedade com uma economia sem dinheiro?