Já alguma vez equacionou manter poupanças numa moeda que não o euro? Os bancos incluem na sua oferta de depósitos a prazo soluções que passam por contas ligadas às principais moedas internacionais. Com o euro a perder valor face às outras divisas, provavelmente já pensou se não poderia ganhar dinheiro com as outras moedas.
Dólares norte-americanos, dólares canadianos, francos suíços, libras esterlinas, ienes ou coroas norueguesas são algumas das moedas que podem fazer parte das suas poupanças. Mas, se nos depósitos a prazo tradicionais a remuneração em juros é o que o mais importa, neste tipo de depósitos a prazo em moeda estrangeira, os câmbios podem ter uma palavra forte a dizer.
Indice
1ª etapa: Estar consciente dos câmbios
Por exemplo, 1 euro vale hoje cerca de 0,8063 libras inglesas. Se fizer um depósito a prazo no valor equivalente a 100 euros, o mínimo exigido em alguns destes depósitos, terá de trocar os 100 euros por 80,63 libras.
Agora imagine que no final de um ano de depósito o câmbio do euro face à libra passa para 1 euro (EUR)=0,85 libras (GBP). Neste caso, as 80,63 libras iniciais valerão apenas 94,8 euros, isto sem contar com os potenciais juros destas contas. Neste caso perderia dinheiro, mas se a taxa de câmbio passasse por exemplo para os 1 euro (EUR)=0,75 libras (GBP) então ficaria com cerca de 107,5 euros quando fizesse a conversão no final do depósito, sem contar com os custos relacionados com o câmbio.
Pouca preocupação pode ter com os câmbios quem vai usar a moeda estrangeira sem a precisar de trocar por euros. Aliás, este depósito servirá de proteção aos altos e baixos das moedas. Por exemplo, se as suas poupanças se destinarem a suportar o seu sonho de estudar numa universidade inglesa ou norte-americana então a moeda do seu depósito será a moeda que será exigida e não haverá perda na conversão para euros (caso a taxa de câmbio fosse mais penalizadora para os euros).
2ª etapa : Ter conta à ordem
Para poupar em moeda estrangeira, tem de ter primeiro uma conta à ordem associada em moeda estrangeira. Este é o primeiro passo e para tal precisará de ter moeda estrangeira numa quantidade que alcance, pelo menos, o valor mínimo exigido pelos bancos neste tipo de produtos.
Se for o equivalente a 100 euros, terá de ter, por exemplo (e no dia em que este artigo está a ser escrito): 80,63 libras, 124,85 dólares dos EUA ou 120 francos suíços para a abertura de conta.
Atenção que há que contar com a comissão de compra de notas estrangeiras a que acresce o imposto de selo.
3ª etapa: Definir prazo e regime de capitalização
Para passar a ter um depósito a prazo em moeda estrangeira, e depois de já ter aberto conta à ordem na mesma moeda, tem de movimentar o montante de abertura para o depósito a prazo nessa moeda. Tenha em conta que existe normalmente um montante mínimo exigido (equivalente a 500 euros na Caixa) e que depois é hora de escolher o prazo (entre 7 e 366 dias) e o regime de capitalização, isto é, se quer os juros pagos reinvestidos na sua conta.
4ª etapa: Como pagam juros?
A taxa de juro que poderá ganhar nestes depósitos de moeda estrangeira está associada à Libor (London Interbank Offered Rate), taxa que representa a referência diária das taxas dos empréstimos interbancários no mercado londrino e que é anunciada pela British Banker’s Association. Todos os dias são anunciadas taxas Libor para diferentes prazos e para diferentes moedas. Como exemplo, a 6 de junho, a taxa Libor a 1 ano para dólares australianos andava pelos 4,595 por cento.Em dólares, a taxa rondava os 1,07 por cento.
5ª etapa: Exemplo de um depósito de 10000 francos suíços
O João quer abrir uma conta em francos suíços porque acredita que o euro vai perder mais valor e que o franco suíço se vai valorizar face ao euro. Faz a abertura da conta à ordem, trocando hoje 8328 euros (EUR) por 10000 francos suíços (CHF) e pagando a comissão acrescida de imposto de selo (4%). Aberta a conta à ordem, transfere uma parte para a abertura do depósito a prazo em francos suíços, num prazo de 1 ano com a taxa Libor de 0,38617 por cento, a taxa fixada no dia 6 de junho.
No final do prazo, o João teria qualquer coisa como 10029 francos suíços. Se o euro perder valor face ao franco suíço durante este período, o João além dos juros fica com mais euros do que precisou para constituir o depósito, se o euro ganhar valor ao franco suíço então vai ficar com menos euros do que os que precisou inicialmente.
fonte: www.saldopositivo.cgd.pt