É difícil, em cenários de contenção de despesas, fazer futurismo, mas poderemos acautelar, com alguma previsão, os nossos débitos, a partir da nossa experiência quotidiana. Larga parte do nosso crédito pessoal mensal vai para o crédito à habitação. Avolumam-se os casos de incumprimento e o número de cidadãos que, impossibilitados de honrar os seus compromissos, têm de “entregar a casa ao banco”.
Para vencer contrariedades, o melhor será sempre jogar pelo seguro, estarmos informados dos empréstimos praticados, desde a sua execução a impedimentos possíveis na sua prossecução (perda do emprego, divórcio do cônjuge, …), documentando-nos em casos reais que nos possam servir de espelho e exemplo para estarmos a salvo da intempérie.
O conhecimento é a melhor defesa do sábio e, se se torna imperativo contrair um empréstimo, o melhor será dominarmos alguns conceitos básicos, de forma a não nos sentirmos interlocutores da ininteligível língua dos economistas aquando de uma simulação de crédito habitação numa agência bancária.
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Taxa de juro é o custo do dinheiro, é o quanto custa pedir dinheiro emprestado. Uma taxa de juro importante na Europa com essa finalidade é a Euribor.
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Como o nome indica, a Euribor é a taxa do mercado monetário interbancário europeu, determinante na taxa de juro base para quem contrai um empréstimo à habitação: quando a taxa sobe, pagamos mais juros; quando desce, menos juros.
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“Spread” é o valor que é acrescido à taxa de referência como, por exemplo, a Euribor, nos créditos indexados a taxa variável. O valor do “spread” serve para calcular a TAN a aplicar ao crédito que contratamos.
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Ao valor da taxa Euribor é somado o “spread”. Isso é a TAN (Taxa Anual Nominal).
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TAE é a Taxa Anual Efetiva, isto é, representa o custo total do empréstimo, contemplando inclusivamente as despesas iniciais do crédito com a avaliação e vistorias, custos do processo, … a TAN (taxa Euribor e “spread”), assim como encargos com seguros de vida e multirriscos, entre outros. Na TAE está incluída a taxa de juros nominal do contrato, a frequência de pagamento das prestações e os encargos do empréstimo. Significa isto que obtemos os valores mais vantajosos caso a TAE for a mais baixa.
O ideal será dirigirmo-nos a várias instituições de crédito e colocar em cima da mesa o mesmo cenário, a mesma taxa Euribor, a mesmíssima situação, o mesmo número de anos do pagamento do total do crédito pretendido. Isto significa aplicar a idêntica taxa Euribor dum mesmo mês. Comparar os produtos com base nos mesmos critérios. A melhor situação será sempre aquela onde conseguirmos pagar o menor juro possível, no final desses anos todos a que hipoteticamente nos comprometemos saldar a dívida bancária.
Procuremos, então, um baixo “spread” e uma baixa TAE. Esta taxa é um bom indicador para comparar diferentes créditos de habitação pois tem todos os encargos e custos associados com o empréstimo.
Quanto à taxa Euribor, está fora do nosso controlo, dependente dos mercados internacionais, pelo que só se poderão fazer previsões. O critério que devemos utilizar é o que pagamos de juros ao longo da vida do empréstimo, independentemente do valor: vermos nos cenários apresentados quanto pagamos de juros no final do empréstimo e escolhermos o mais baixo possível.
E se o nosso horizonte contemplar o cenário dos créditos pessoais, o mais correto e mais simples é olhar para a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global), e fazer créditos de curta duração. Não nos deixemos enganar pela publicidade complexa que só mostra as vantagens, pois “nem tudo o que reluz é ouro”… Muito importante: esta última taxa existe somente em Portugal para enfrentar o crescente recurso ao crédito pessoal e consequente endividamento (e incumprimento) dos portugueses …
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